quarta-feira, 14 de outubro de 2015

AVALIAÇÃO GLOBAL DO RESULTADO E DESEMPENHO E ANÁLISE DA GERAÇÃO DE LUCROS

Resumo do capítulo 31 do livro Controladoria Estratégica e Operacional de Clóvis Luís Padoveze

Análise Financeira ou de Balanço
Constitui-se em um processo de meditação sobre os Demonstrativos Contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros. A avaliação sobre a empresa busca propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores da empresa. Nesse processo, o analista vale-se de uma série cálculos matemáticos, traduzindo os Demonstrativos Contábeis em indicadores.
Novos Conceitos de Avaliação e Nova Estrutura do Balanço Patrimonial
As Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 introduziram definitivamente os padrões internacionais de contabilidade (IFRS) na legislação brasileira e na prática contábil. Os principais conceitos de avaliação introduzidos foram os seguintes: valor justo (fair value), perda por desvalorização de ativos (impairment), valor residual, valor depreciável, vida útil, tributos diferidos, ajuste a valor presente, arrendamento mercantil financeiro.
As grandes modificações de estrutura de apresentação do balanço patrimonial foram: a introdução do Ativo Não Circulante; a eliminação da possibilidade de ativamento de gastos para exercícios futuros, extinguindo dessa maneira o Ativo Diferido; a inclusão do grupo Ativo Intangível no Ativo Não Circulante; a substituição da terminologia Exigível a Longo Prazo, passando a ser denominada de Passivo Não Circulante; a extinção da possibilidade de novas reavaliações de imobilizados; a introdução da conta Ajustes de Avaliação Patrimonial; e a introdução da Demonstração do Resultado Abrangente.

Comparabilidade e Tendências
É importante a criação de indicadores que permitam sempre uma análise comparativa, em vários aspectos, como comparação com períodos passados, períodos orçados, padrões setoriais, padrões internacionais, padrões internos da empresa e com empresas concorrentes. O acompanhamento dos indicadores de forma continua (no mínimo mensal e preferencialmente de forma gráfica) possibilita apreender situações de tendência futura, dando, portanto, aos gestores uma ferramenta adicional para mudanças e planejamento.
Técnicas Básicas da Análise de Balanço
  • Análise Vertical: neste tipo de análise assume-se como 100% um determinado elemento patrimonial e faz-se uma relação percentual de todos os demais elementos sobre ele. Convenciona-se adotar como 100% o total do ativo e do passivo e a receita líquida dos impostos;
  • Análise Horizontal: é uma analise de crescimento ou de variação. Toma-se como 100% todas as contas de um determinado período e faz-se uma relação percentual em cima dos dados desse período. O novo número relativo indica o quanto o dado do período subsequente é maior ou menor que o do período anterior;
  • Indicadores Econômico-Financeiros: compreende a geração de um painel básico de indicadores para complementar as análises vertical e horizontal. Tem o objetivo de facilitar ainda mais o entendimento da situação da empresa. São apresentados em termos de índices, percentuais, números absolutos, dias, etc;
  • Avaliação Final: consiste em um relatório que suaria as conclusões obtidas na análise dos Demonstrativos Contábeis.
Indicadores Econômico-Financeiros
 A análise dos indicadores financeiros deve considerar todos os aspectos conjuntamente. O analista deve assumir alguns parâmetros e dizer se a empresa está bem ou não tanto em cada um dos indicadores como no conjunto deles, verificando, entre outras coisas:
- Os índices de liquidez estão bons ou não?
- O endividamento é aceitável?
- Os prazos médios de recebimento e pagamento são normais?
- O lucro gerado apresenta um grau de segurança?
- Os dividendos distribuídos satisfarão os acionistas e promoverão maior valor da empresa?
- A análise geral indica empresa em crescimento e potencial de geração de lucros?
 Essas e outras considerações têm por finalidade dar um grau de confiança maior tanto para o analista como para o usuário dos relatórios da análise de balanço.
Análise de Rentabilidade
 A rentabilidade é, possivelmente, o maior indicador da sobrevivência e sucesso da empresa. Esta análise pode ser dividida em dois aspectos:
  • Análise da geração da margem de lucro: leva em conta o desempenho operacional da empresa, para avaliar se há maior ou menor necessidade de margem operacional sobre as vendas;
  • Análise da destinação do lucro: leva em conta a alavancagem do capital de terceiros, para aumento da rentabilidade do capital próprio.
Método Dupont
 A análise da geração da margem de lucro é denominada Método Dupont. Ela relaciona os dois componentes principais da geração operacional do lucro para analisar a rentabilidade operacional:
Rentabilidade Operacional = Giro do ativo x Margem
Ativo Operacional e Giro do Ativo
 Ativo operacional são todos os valores investidos em ativos necessários para obter as vendas. O giro do ativo é calculado pela fórmula:
Giro do Ativo Operacional = Receita Operacional Líquida/Ativo Operacional
Lucro e Margem Operacionais
 Considera-se Lucro Operacional o lucro das operações de compra, produção e venda dos produtos e serviços da empresa. Resultados financeiros e de outras operações não devem ser considerados como operacionais. A margem operacional é calculada pela fórmula:
 Margem Operacional = Lucro Operacional/Receita Operacional Líquida
Avaliação da Rentabilidade do Lucro Operacional: a rentabilidade do patrimônio líquido é o lucro operacional, deduzido do percentual médio de impostos sobre o lucro.
Rentabilidade do Capital de Financiamento: a análise da destinação do lucro obtido serve para verificar se a alavancagem financeira ocorreu e se o capital de terceiros beneficiou os acionistas.
Destinação do Lucro: Os acionistas são remunerados pelo lucro residual após o custo de capital de terceiros.
Custo do Capital de Terceiros: é calculado por meio do custo do capital de terceiros (líquido dos impostos) dividido pelo capital de terceiros.
Rentabilidade do Capital Próprio: o lucro residual que sobra após o pagamento do custo do capital de terceiros é a rentabilidade dos acionistas, donos do capital próprio.
EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado: é um custo de oportunidade, sendo considerado o lucro mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o investimento do acionista. Não há um consenso sobre qual taxa de desconto utilizar para encontrar o custo de oportunidade, por isso sugere-se algumas: taxa de juros de longo prazo, custo médio ponderado de capital da empresa, dentre outras.
Valor do Capital Total (Investimento): é preciso verificar se houve valor adicionado, porque se não houve agregação de valor, a riqueza dos acionistas foi parcialmente destruída.
Análise de Geração de Lucros e EBITDA: objetiva identificar os principais fatores de geração de lucro e caixa dentro da empresa. Pode ser de duas formas, partindo do lucro líquido final ou partindo da própria demonstração de resultados.
  • Lucro das Operações: tem a finalidade de indicar os itens da demonstração de lucros, que têm uma relação direta com o caixa, sem considerar elementos de lucros, receitas e despesas.
  • Lucro Gerado para o Caixa: parte do conceito anterior, mas excluem-se do lucro das operações as aplicações no capital de giro próprio da empresa.
EBITDA – Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações: é um conceito de geração bruta operacional de lucro, que não considera resultados não operacionais e adiciona ao lucro operacional as depreciações e amortizações.
Cuidados na Utilização do EBITDA
Apesar de ser muito apreciado por investidores externos, é necessário cautela quando utilizado para medir eficácia dos gestores. Como sugestão, autores recomendam o ROI.
Principais Utilidades do EBITDA
  1. Representa a geração operacional de caixa
  2. Elimina os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis de taxas de depreciação
  3. Serve para comparar empresas em qualquer país, podendo se utilizado como representatividade da eficiência dentro de um determinado segmento de atividades
  4. Parâmetro para avaliação da geração futura de caixa
Principais Limitações do EBITDA
  1. Não dá dimensão exata do fluxo de caixa
  2. Não considera o endividamento
  3. Não dá dimensão de dividendos
  4. Não mostra a qualidade dos lucros (EBITDA positivo, lucro líquido negativo)
Análise da Variação das Receitas e Custos
Causas de variações: preços unitários; quantidades vendidas e mix das vendas. Para análise das variações, modelo adequado é Margem de Contribuição, estruturado em cima das linhas de produtos. 
Fluxo de Caixa Livre
Permitir análise de disponibilidade de caixa para futuros investimentos, sem comprometer fluxo financeiro futuro.
EBITDA – retenção de capital de giro – investimentos de capital em ativos fixos 
Política de Dividendos
Percentual do lucro obtido que é distribuído em dinheiro aos acionistas. Política ótima de dividendos é aquela que atinge equilíbrio entre os dividendos correntes e o crescimento futuro e maximiza o preço das ações da empresa.  
Continuidade da Empresa e Manutenção do Capital
- Físico ou capacidade física da empresa: manter capacidade operacional
- Financeiro: atualização monetária do capital investido em termos de custo de oportunidade
Por fim, todo lucro não necessário a manutenção do capital pode ser distribuído.

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