Análise Financeira ou de Balanço
Constitui-se
em um processo de meditação sobre os Demonstrativos Contábeis,
objetivando uma avaliação da situação da empresa em seus aspectos
operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros. A avaliação
sobre a empresa busca propor alternativas de curso futuro a serem
tomadas e seguidas pelos gestores da empresa. Nesse processo, o
analista vale-se de uma série cálculos matemáticos, traduzindo os
Demonstrativos Contábeis em indicadores.
Novos
Conceitos de Avaliação e Nova Estrutura do Balanço Patrimonial
As
Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 introduziram definitivamente os
padrões internacionais de contabilidade (IFRS) na legislação
brasileira e na prática contábil. Os principais conceitos de
avaliação introduzidos foram os seguintes: valor justo (fair
value), perda por desvalorização de ativos (impairment),
valor residual, valor depreciável, vida útil, tributos diferidos,
ajuste a valor presente, arrendamento mercantil financeiro.
As
grandes modificações de estrutura de apresentação do balanço
patrimonial foram: a introdução do Ativo Não Circulante; a
eliminação da possibilidade de ativamento de gastos para exercícios
futuros, extinguindo dessa maneira o Ativo Diferido; a inclusão do
grupo Ativo Intangível no Ativo Não Circulante; a substituição da
terminologia Exigível a Longo Prazo, passando a ser denominada de
Passivo Não Circulante; a extinção da possibilidade de novas
reavaliações de imobilizados; a introdução da conta Ajustes de
Avaliação Patrimonial; e a introdução da Demonstração do
Resultado Abrangente.
Comparabilidade
e Tendências
É
importante a criação de indicadores que permitam sempre uma análise
comparativa, em vários aspectos, como comparação com períodos
passados, períodos orçados, padrões setoriais, padrões
internacionais, padrões internos da empresa e com empresas
concorrentes. O acompanhamento dos indicadores de forma continua (no
mínimo mensal e preferencialmente de forma gráfica) possibilita
apreender situações de tendência futura, dando, portanto, aos
gestores uma ferramenta adicional para mudanças e planejamento.
Técnicas
Básicas da Análise de Balanço
- Análise Vertical: neste tipo de análise assume-se como 100% um determinado elemento patrimonial e faz-se uma relação percentual de todos os demais elementos sobre ele. Convenciona-se adotar como 100% o total do ativo e do passivo e a receita líquida dos impostos;
- Análise Horizontal: é uma analise de crescimento ou de variação. Toma-se como 100% todas as contas de um determinado período e faz-se uma relação percentual em cima dos dados desse período. O novo número relativo indica o quanto o dado do período subsequente é maior ou menor que o do período anterior;
- Indicadores Econômico-Financeiros: compreende a geração de um painel básico de indicadores para complementar as análises vertical e horizontal. Tem o objetivo de facilitar ainda mais o entendimento da situação da empresa. São apresentados em termos de índices, percentuais, números absolutos, dias, etc;
- Avaliação Final: consiste em um relatório que suaria as conclusões obtidas na análise dos Demonstrativos Contábeis.
Indicadores
Econômico-Financeiros
A análise dos indicadores financeiros deve considerar todos os
aspectos conjuntamente. O analista deve assumir alguns parâmetros e
dizer se a empresa está bem ou não tanto em cada um dos indicadores
como no conjunto deles, verificando, entre outras coisas:
-
Os índices de liquidez estão bons ou não?
-
O endividamento é aceitável?
-
Os prazos médios de recebimento e pagamento são normais?
-
O lucro gerado apresenta um grau de segurança?
-
Os dividendos distribuídos satisfarão os acionistas e promoverão
maior valor da empresa?
-
A análise geral indica empresa em crescimento e potencial de geração
de lucros?
Essas e outras considerações têm por finalidade dar um grau de
confiança maior tanto para o analista como para o usuário dos
relatórios da análise de balanço.
Análise
de Rentabilidade
A rentabilidade é, possivelmente, o maior indicador da sobrevivência
e sucesso da empresa. Esta análise pode ser dividida em dois
aspectos:
- Análise da geração da margem de lucro: leva em conta o desempenho operacional da empresa, para avaliar se há maior ou menor necessidade de margem operacional sobre as vendas;
- Análise da destinação do lucro: leva em conta a alavancagem do capital de terceiros, para aumento da rentabilidade do capital próprio.
Método
Dupont
A análise da geração da margem de lucro é denominada Método
Dupont. Ela relaciona os dois componentes principais da geração
operacional do lucro para analisar a rentabilidade operacional:
Rentabilidade
Operacional = Giro do ativo x Margem
Ativo
Operacional e Giro do Ativo
Ativo operacional são todos os valores investidos em ativos
necessários para obter as vendas. O giro do ativo é calculado pela
fórmula:
Giro
do Ativo Operacional = Receita Operacional Líquida/Ativo Operacional
Lucro
e Margem Operacionais
Considera-se Lucro Operacional o lucro das operações de compra,
produção e venda dos produtos e serviços da empresa. Resultados
financeiros e de outras operações não devem ser considerados como
operacionais. A margem operacional é calculada pela fórmula:
Margem Operacional = Lucro Operacional/Receita Operacional Líquida
Avaliação
da Rentabilidade do Lucro Operacional: a rentabilidade do
patrimônio líquido é o lucro operacional, deduzido do percentual
médio de impostos sobre o lucro.
Rentabilidade
do Capital de Financiamento: a análise da destinação do lucro
obtido serve para verificar se a alavancagem financeira ocorreu e se
o capital de terceiros beneficiou os acionistas.
Destinação
do Lucro: Os acionistas são remunerados pelo lucro residual após
o custo de capital de terceiros.
Custo
do Capital de Terceiros: é calculado por meio do custo do
capital de terceiros (líquido dos impostos) dividido pelo capital de
terceiros.
Rentabilidade
do Capital Próprio: o lucro residual que sobra após o pagamento
do custo do capital de terceiros é a rentabilidade dos acionistas,
donos do capital próprio.
EVA
– Valor Econômico Agregado ou Adicionado: é um custo de
oportunidade, sendo considerado o lucro mínimo que a empresa deveria
ter para remunerar adequadamente o investimento do acionista. Não há
um consenso sobre qual taxa de desconto utilizar para encontrar o
custo de oportunidade, por isso sugere-se algumas: taxa de juros de
longo prazo, custo médio ponderado de capital da empresa, dentre
outras.
Valor
do Capital Total (Investimento): é preciso verificar se houve
valor adicionado, porque se não houve agregação de valor, a
riqueza dos acionistas foi parcialmente destruída.
Análise
de Geração de Lucros e EBITDA: objetiva identificar os
principais fatores de geração de lucro e caixa dentro da empresa.
Pode ser de duas formas, partindo do lucro líquido final ou partindo
da própria demonstração de resultados.
- Lucro das Operações: tem a finalidade de indicar os itens da demonstração de lucros, que têm uma relação direta com o caixa, sem considerar elementos de lucros, receitas e despesas.
- Lucro Gerado para o Caixa: parte do conceito anterior, mas excluem-se do lucro das operações as aplicações no capital de giro próprio da empresa.
EBITDA
– Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações:
é um conceito de geração bruta operacional de lucro, que não
considera resultados não operacionais e adiciona ao lucro
operacional as depreciações e amortizações.
Cuidados
na Utilização do EBITDA
Apesar
de ser muito apreciado por investidores externos, é necessário
cautela quando utilizado para medir eficácia dos gestores. Como
sugestão, autores recomendam o ROI.
Principais
Utilidades do EBITDA
- Representa a geração operacional de caixa
- Elimina os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis de taxas de depreciação
- Serve para comparar empresas em qualquer país, podendo se utilizado como representatividade da eficiência dentro de um determinado segmento de atividades
- Parâmetro para avaliação da geração futura de caixa
Principais
Limitações do EBITDA
- Não dá dimensão exata do fluxo de caixa
- Não considera o endividamento
- Não dá dimensão de dividendos
- Não mostra a qualidade dos lucros (EBITDA positivo, lucro líquido negativo)
Análise
da Variação das Receitas e Custos
Causas
de variações: preços unitários; quantidades vendidas e mix das
vendas. Para análise das variações, modelo adequado é Margem de
Contribuição, estruturado em cima das linhas de produtos.
Fluxo
de Caixa Livre
Permitir
análise de disponibilidade de caixa para futuros investimentos, sem
comprometer fluxo financeiro futuro.
EBITDA
– retenção de capital de giro – investimentos de capital em
ativos fixos
Política
de Dividendos
Percentual
do lucro obtido que é distribuído em dinheiro aos acionistas.
Política ótima de dividendos é aquela que atinge equilíbrio entre
os dividendos correntes e o crescimento futuro e maximiza o preço
das ações da empresa.
Continuidade
da Empresa e Manutenção do Capital
-
Físico ou capacidade física da empresa: manter capacidade
operacional
-
Financeiro: atualização monetária do capital investido em termos
de custo de oportunidade
Por
fim, todo lucro não necessário a manutenção do capital pode ser
distribuído.
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